O
desenho e a poesia sempre me fascinaram, mas por muito tempo
estiveram na mesma gaveta, porém, em cadernos separados.

Procurei juntá-los na esperança de deixar registrado minhas experiências
e sonhos de perpetuar um espírito guerreiro, em minha família e amigos,
para que saibam a importância do amor e o valor da amizade, para que
nunca esqueçam que conheceram alguém que sempre foi feliz, tento ou
não, porque sempre acreditou que iria conseguir.

Aos 13 anos escrevi: mãe, mais tarde de mim sentirás orgulho e neste
orgulho estará toda minha gratidão.

A gradeço a todos que fizeram minha cruz parecer de isopor.

Edmilson Lyra


 


Por Isabel Cristina Vieira

Antes de começar a leitura, fascinada pelos desenhos, percorri suas páginas apenas apreciando-os. Desde a âncora se contrapondo ao pássaro, na Introdução, passando pelas águias sempre presentes, pelo belo e instigante quadro de “A Vida é um Jogo”, a face angustiada e perplexa de “Ansiedade”, que, de certa forma contrasta na “ode” ao vinho; a fisionomia triste de quem não se permite simplesmente se divertir, em “Bloco do Sujo”; preguiça? Nem pensar, tamanho o empenho em viver e fazer as coisas acontecerem, de não falhar nas responsabilidades. Preguiça? Só na ilustração de “Corpo Mole”, que nos leva num caminho, para nos surpreender na última estrofe, nos fazendo sorrir: Ah! Então era a preguiça! Em “Migrante”, me perdoem desenho e texto competem em pujança; para o anzol pescando novelos de lã em “O Pescador de Ovelhas”, faltam-me palavras que foram precisas no texto de quem “vacila, cansa, para, dorme, mas do caminho não desvia”; em “Oculto”, novamente uma brincadeira com o leitor que tenta adivinhar sobre “quem” o autor fala. O homem e a natureza, em Reflexão, para lembrar que o corre-corre na vida precisa dar um tempo para viver a vida.
Em Simbiose, o desenhista se sobrepõe ao escritor. O desenho diz tudo, ser humano/natureza.

Uma simbiose que cada vez menos é permitida ao homem urbano.
A marreta prestes a bater na cabeça da “Surpresa”, transformando-a em decepção para quem a preparou.

Em “Toma Jeito” a simbiose é perfeita, desenho e texto. Âncora, relacionamentos que se modificam com o passar do tempo, passagem desértica, barco abandonado, no texto este primor:

  “Matemática irracional

Que subtrai irritação de carinho, choro de compreensão”
 


O “semblante” apenas triste da baleia, que não se apavora, como se a violência fosse esperada, inerente ao seu algoz, o ser humano evoluiu sem deixar para trás seus instintos mais perversos.

Hoje, em meio às tarefas rotineiras aqui do sítio, me flagrei olhando com olhos de ver, um esteio da minha cerca, cujo concreto está se soltando em pequenos e grandes pedaços.

No miolo está lá o vergalhão firme na sua missão de sustentar a cerca, apesar de exposto, mas não totalmente.
Penso nas suas poesias, nos seus desenhos como a necessária explosão de sentimentos, gostos, impressões, repressões, repreensões, liberdades e limitações, talvez há muito contidas pela missão de ser de ferro ou aço.

Seus leitores aguardam que mais pedaços de concreto ciam e mais poesias explodam.

Petrópolis, 09 de maio de 2023.